Em Representação formulada por sociedade empresária acerca de pregão eletrônico promovido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), destinado à contratação de central de serviços (service desk) para a manutenção de
equipamentos, atendimento e suporte técnico remoto e presencial aos usuários dos ativos de tecnologia da informação, a unidade técnica apontou falhas na realização das
pesquisas de preços para a elaboração da estimativa do valor da contratação. Em síntese, destacou a unidade técnica que a
pesquisa de preços se baseara em orçamento superior à média de mercado, uma vez
que a Funasa não excluíra as cotações manifestamente fora de mercado, “de modo a evitar distorções no custo médio
apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item
licitado”. Apontou ainda que a pesquisa de preços teria sido restrita,
considerando o amplo mercado fornecedor do serviço licitado, além da não comprovação de consultas a outros órgãos
e entidades da Administração, ao sistema Compras Governamentais e demais sítios
especializados, o que pode ter comprometido a qualidade e a confiabilidade da
estimativa de preços construída. Ao analisar o ponto, o relator,
endossando a análise da unidade instrutiva, discorreu sobre a jurisprudência do
TCU acerca da matéria: “Historicamente,
o TCU sempre defendeu que as estimativas de preços prévias às licitações devem
estar baseadas em uma ‘cesta de preços aceitáveis’. Nessa linha, os Acórdãos 2.170/2007 e 819/2009, ambos do Plenário. Tais precedentes
levaram ao Guia de Boas Práticas em Contratações de Soluções de TI do TCU, de
2012, que lista uma série de fontes de informação que podem ser utilizadas para
analisar o mercado com vistas à obtenção de dados sobre preços. Em reforço, o Acórdão 2.943/2013-Plenário consolidou
que não se deve considerar, para fins de elaboração do mapa de cotações, as
informações relativas a empresas cujos preços revelem-se evidentemente fora da
média de mercado, de modo a evitar distorções no custo médio apurado e,
consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado. Todo
esse esforço do TCU culminou na edição da IN-SLTI/MPOG 5/2014, que dispõe sobre
os procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de
preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral”. Nesse sentido, asseverou que “o argumento de que o valor do melhor lance estaria abaixo do orçamento
estimativo e que, portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta
mais vantajosa para a Administração somente merece guarida quando evidenciado
que a pesquisa de preços da licitação foi feita de acordo com a melhor técnica
possível para cada caso, a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG
5/2014, o que não restou demonstrado neste processo”. Considerando que os valores obtidos no pregão
encontravam-se dentro da média de preços praticados por outros órgãos da
Administração Pública, o Plenário do Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, decidiu, no
ponto, apenas dar ciência à Funasa acerca da impropriedade relativa à “realização de pesquisa de preços com amplitude insuficiente (...) tendo-se obtido apenas três orçamentos, não obstante o
mercado fornecedor do serviço ser vasto; e, ainda, que não se considerou a
utilização de preços de contratações similares na Administração Pública e a
informações de outras fontes, tais como o ComprasNet e outros sites
especializados, afrontando o art. 26, parágrafo único, incisos II e III, e o
art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, conforme entendimento do TCU, a exemplo
dos Acórdãos 2.170/2007 e 819/2009, ambos do Plenário”. Acórdão
2637/2015-Plenário, TC 013.754/2015-7, relator Ministro Bruno Dantas, 21.10.2015.
Desde janeiro de 2013, aqui vocês têm publicações de acórdãos e decisões do TCU - Tribunal de Contas da União - e também decisões do Poder Judiciário relativas às licitações do Brasil (SEPARADOS POR CATEGORIAS). Veja do seu lado direito o tópico: O QUE PENSA O TCU SOBRE DETERMINADOS ASSUNTOS? Eu sou IVAN FERRAZ, Especialista em Direito Público, Pregoeiro e agradeço sua visita.